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Leandro Fortes destaca pontos do jornalismo investigativo

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Jornalista, escritor e professor. Os três elementos compõem os mais de 30 anos de carreira de Leandro Fortes. O jornalista é formado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Na década de 1990, mudou-se para Brasília, onde passou a construir a carreira.Trabalhou nos principais veículos de comunicação do País, dentre eles,Jornal do Brasil, O Globo, Correio Braziliense, Estadão, Revista Época e Carta Capital.

Acostumado a trabalhar na área de investigação, Fortes define jornalismo investigativo como um processo de decodificação do drama humano por meio de linguagem especifica texto jornalístico –, de forma a fazer com que qualquer cidadão, de qualquer classe social, possa entender e refletir sobre o mundo em que vive.

Tenho 30 anos de jornalismo, são muitos trabalhos marcantes. Mas os mais valorosos sempre foram aqueles que, de alguma forma, serviram para trazer justiça e dar voz àqueles que são invisíveis socialmente.

O jornalista também foi chefe da Agência Brasil,da antiga Radio Brás, e comentarista da Voz do Brasil, da Rádio Nacional. É fundador e diretor da Escola Livre de Jornalismo, em Brasília, onde também atua como repórter  na sucursal da revista Carta Capital. Foi professor do curso de Jornalismo do Instituto de Educação Superior de Brasília (IESB), é autor de Jornalismo investigativo e co-autor de O Brasil no contexto, ambos publicados pela editora Contexto.

 

O repórter acredita que o conceito de jornalismo investigativo parte de um ofício nobre e fundamental dentro do processo civilizatório, de forma profunda.  “Apesar de ser uma atividade que requer foco e muito trabalho de apuração,é, antes de tudo, uma atividade solitária, uma busca diária, incessante, uma construção em busca da verdade em nome do coletivo”.O jornalista ainda acrescenta que, fora desses limites, o jornalismo torna-se cúmplice do crime, quando não o crime em si.

 

Leandro afirma que o jornalismo investigativo agrega normas e procedimentos mais específicos, pois requer a construção de uma narrativa mais ampla e de montagem mais complexa. De acordo com ele, toda apuração é, em si, uma investigação.

 

Mudanças no jornalismo investigativo

Ao longo dos anos, o jornalismo investigativo sofreu diversas modificações, assim como a busca pelo furo da notícia.  De acordo com Fortes, a chegada dos meios tecnológicos agregou normas e procedimentos mais específicos que exigem construções de narrativas mais amplas. Tudo mudou, contudo, as ferramentas e os métodos. “Quando o jornalismo impresso era hegemônico, o tempo era um aliado do repórter. Atualmente, no mundo digital, a percepção vigente é a de que a agilidade é mais importante do que o conteúdo”. O jornalista acredita que isso gerou uma perda de qualidade significativa e o furo ficou banalizado.

 

Apesar das grandes mudanças, é possível enxergar uma luz ao fim do túnel. Fortes assegura que o furo não perdeu a originalidade, apenas teve que se adaptar aos novos tempos. Segundo ele, as formas de apuração ficaram mais ligadas à pesquisa digital e menos à colocação do repórter dentro dos cenários da notícia. O jornalista classifica o furo de notícia em três formas interligadas: boas fontes; muita apuração; e sorte.

 

Fortes também afirma que a internet contribui grandemente com o jornalismo investigativo. A justificativa é de que existem muitas ferramentas de apuração. Porém, não se pode resumir a investigação somente a esses elementos tecnológicos. “O repórter tem que estudar, ir à rua, falar com as pessoas e buscar informações fora do computador também”.

 

Trabalhos marcantes

 

Questionado sobre os trabalhos mais marcantes da carreira, o jornalista assegura que foram muitos. Mas destaca um em especial: “houve muitos furos, mas não poderia me esquecer de quando descobri que o coração do deputado Luís Eduardo Magalhães, que morreu de infarto, em 1997 foi arrancado do corpo e guardado no Hospital de Base a mando do pai dele, o senador Antônio Carlos Magalhães, para que não fosse feita a autópsia e se confirmasse a suspeita de overdose de cocaína. A pauta surgiu a partir de uma informação de um enfermeiro do hospital, dada a um amigo comum”, recorda.

 

Sem receios, o jornalista lembra-se de um dos momentos mais tensos da carreira, ocorrido em 2001, quando revelou a existência de um esquema de venda ilegal de portes de armas dentro da Polícia Federal. 

Acho que toda a sociedade gosta do jornalismo investigativo. Porque a investigação jornalística serve para revelar, sobretudo, os aspectos criminosos que são escondidos do cidadão na atividade pública.

Segundo ele, quatro delegados e oito agentes foram expulsos da corporação. “Um dos delegados armou um atentado contra mim que só não foi consumado porque um dos envolvidos vazou a informação ao Ministério Público. Fui salvo por intervenção direta do Ministério da Justiça”.

 

Por Afonso Ferreira, Guilherme Melo e Rayla Alves

Acostumado a trabalhar na área de investigação, Fortes define jornalismo investigativo como um processo de decodificação do drama humano por meio do texto

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