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Brasil é o segundo país da América Latina onde mais mata jornalistas

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Nas últimas décadas, após a abertura política em 1986, e com a promulgação da Constituição Federal em 1988, foi assegurada a liberdade de expressão a os jornalistas no Brasil. Esses profissionais da comunicação noticiam, em tempo real, os fatos mais relevantes e importantes para os brasileiros, e por meio de variadas plataformas. Mas, mesmo diante desses avanços, por que continuamos entre os países que mais matam esses profissionais?

De acordo com as entidades internacionais que atuam na defesa da liberdade de imprensa, o Brasil está na lista dos países mais violentos para o exercício do jornalismo. O Brasil ocupa o segundo lugar no ranking dos países mais perigosos da América Latina para a profissão, segundo o relatório da Organização de Repórteres Sem Fronteiras (RSF), que coloca o Brasil fica atrás apenas do México.

Apesar de termos uma redução de mortes bastante positiva, o Brasil continua na lista dos mais perigosos do mundo.

 

No ranking mundial divulgado por meio do relatório da RSF, de 2016, no ranking mundial entre os 180 países avaliados, o Brasil caiu cinco posições, passando de 99° para 104°.O Brasil aparece à frente até mesmo do Afeganistão, que não só enfrenta uma guerra há anos, como ainda vem assistindo ao avanço da influência do grupo extremista Estado Islâmico (EI) sobre seu território. Neste mesmo relatório, entre os dez países mais perigosos do mundo nos períodos de 2012 a 2016, os brasileiros ocupam a sexta posição, enquanto os afegãos aparecem em nono.

No que se refere à violação de Liberdade de Expressão, o relatório divulgado pela ABERT Mostra que os dados continuam preocupantes. Quando comparado o número total de casos de violência, enquanto em 2015 foram registradas 116 casos envolvendo profissionais da imprensa, esse número chegou a 174 em 2016.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Esses dados mostram que ainda há muito a ser feito. Tudo isso porque o Brasil passa por um momento histórico marcado por uma crise política, econômica e social. As manifestações populares se tornaram mais intensas, dominando as ruas de todo o país, fazendo dos profissionais da imprensa e dos veículos de comunicação um dos alvos favoritos de seus protestos.Ainda de acordo com ABERT, um dos motivos que levou o aumento das agressões físicas e hostilidades contra os jornalistas que estavam cobrindo esses fatos foram a intolerância e a falta de conhecimento do papel da imprensa nas manifestações ali ocorridas.

Outra característica que marcou os jornalistas em 2016 foi os números de ações na Justiça contra profissionais e veículos de comunicação. Muitos destes processos representavam uma explícita violação à liberdade de imprensa e de expressão, assim como aconteceu com a jornalista Andreza Matais, que teve por ordem judicial o sigilo telefônico quebrado.

 

Jornalistas assassinados no mundo em 2016

De acordo com dados apresentados pela organização internacional não governamental Repórteres Sem Fronteiras (RSF), atuante na defesa da liberdade de imprensa, só em 2016, em 21 países, pelo menos 74 representantes da mídia foram assassinados. Desse total, a maioria (72%) foi morta como represália por cumprir a missão de informar.

A ABERT ainda informa que 53 jornalistas foram assassinados de forma proposital e 21 mortes ocorreram durante o exercício do trabalho, como aconteceu com o cinegrafista da “TV Bandeirantes” Santiago Ilídio Andrade, 49. Ele foi atingido por explosivos durante uma manifestação no Rio de Janeiro em fevereiro de 2014. O profissional registrava o protesto e teve morte encefálica.

Esses casos mostram a urgência em garantir que nenhum jornalista seja censurado, morto ou agredido em razão de sua profissão. O levantamento da ABERT mostra que houve queda no número de mortes de jornalistas desde 2012, onde houve cinco mortes. O dado chama a atenção principalmente se comparado ao ano de 2015, quando 8 profissionais foram assassinados no país, na época, três deles em apenas 11 dias, as organizações internacionais de monitoramento da atividade jornalística chamaram de “o novembro negro no Brasil”.


A missão de informar foi interrompida

Os dados do RSF mostram que o Brasil, segundo país mais violento para os jornalistas na América Latina, registrou em 2016 o assassinato de três profissionais pelo exercício da profissão.

O dono do site SAD Sem Censura, João Miranda do Carmo, foi uma das vítimas. Carmo criticava políticos e produzia reportagens sobre ações policiais, crimes e problemas administrativos de Santo Antônio do Descoberto (GO), e foi brutalmente atacado em casa. Testemunhas relataram que duas pessoas saíram de um carro estacionado em frente à residência do jornalista, e gritaram seu nome, realizando, em seguida, 22 disparos.

Atingido por treze tiros, ele não resistiu aos ferimentos e morreu antes mesmo da chegada do socorro. Entre os suspeitos de envolvimento no crime está Itamar Lemes do Prado, agora ex-prefeito da cidade, que vinha sendo acusado de corrupção pelo jornalista.

A outra vítima foi Maurício Campos Rosa, proprietário do jornal O Grito, de Minas Gerais. Rosa foi baleado cinco vezes. Outro profissional que não se calou diante das intimidações e que vinha denunciando irregularidades cometidas por políticos locais.

Em lembrança ao Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, celebrado em 3 de maio, dados divulgados pela Organização das Nações Unidas (Unesco) revelam que, nos últimos 11 anos, 37 jornalistas foram assassinados no Brasil.A data tem o objetivo de ressaltar os princípios fundamentais da liberdade de imprensa.

Ainda, de acordo com a pesquisa, as regiões mais perigosas para o exercício da profissão são o sudeste e o nordeste. Na maioria dos casos, as vítimas são radialistas, blogueiros ou diretores de jornais locais que atuam em cidades do interior fora das grandes capitais, e que abordam temas particularmente sensíveis, como casos de corrupção e a atuação de grupos criminosos.

Por Afonso Ferreira, Guilherme Melo e Rayla Alves

País ocupa o 2° lugar no ranking dos países mais perigosos da América Latina para a profissão, ficando atrás, apenas, do México

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