Com 18 anos de carreira, Eduardo Militão acumula prêmios na área investigava
O nome de Eduardo Militão já foi estampado no expediente de uma das maiores revistas políticas do Brasil, a ISTO É. O jornalista, que acumula prêmios por reportagens investigativas, como prêmios ESSO e República. Em Brasília que a carreia profissional de Militão ficou conhecida.
Formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná, em 1999, Militão começou a se interessar por jornalismo investigativo em 2002, quando nascia a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji).
"Eu atuo na área de jornalismo de denúncia. De vez em quando eu faço jornalismo investigativo. Mas na maioria das vezes a gente tem que admitir que a gente faz jornalismo de denúncia sobre investigação dos outros. Mas comecei mesmo atuar em 2005. De repente as coisas vão acontecendo", enfatiza o jornalista.
Jornalismo de qualidade
O jornalista, tímido e reservado, sabe que para se fazer jornalismo investigativo de qualidade é preciso trabalhar arduamente. Em 2009, Eduardo foi o vencedor do Prêmio Embratel de Jornalismo Investigativo, ao publicar uma série de reportagens batizada de “farra das passagens aéreas”. A série ficou conhecida por revelar o escândalo de viagens irregulares compradas com verba parlamentar. O Ministério Público Federal (MPF) chegou apresentar à Justiça 28 denúncias contra 72 ex-deputados por envolvimento no escândalo.
"Para fazer jornalismo tem que ralar para caramba, tem que descobrir as coisas por você mesmo. Para fazer jornalismo investigativo stricto sensu tem que trabalhar muito. Às vezes quebramos a cara, porque pode acontecer de você apurar e não dar em nada", afirma Militão.
Relação com as fontes
A complexidade das relações entre profissionais do jornalismo e fontes de informação é objeto de vários estudos. Eduardo Militão reconhece e sabe que, quando se fala em fonte, é preciso ter cuidados.
"Como diz o professor Carlos Chaparro, existem as fontes aliadas que geralmente são aquelas que passam informações sob anonimato, temos que ter um tratamento diferente para não expô-las. Têm também as fontes documentais que são aquelas que trazem informações (documentos) que a gente pega das próprias fontes ou vamos pesquisando, apurando e descobrindo. Ressalto: é muito importante ter cuidados para não expô-las", enfatiza o jornalista.
Sigilo da fonte
A Constituição Federal (Art. 5º, XIV) assegura o sigilo da fonte, no exercício da atividade jornalística.
FOTO: Divulgação
"Um exemplo simples: a pessoa presenciou uma tentativa de crime, aí ela conta para o jornalista com base na confiança. Só que se o profissional noticiar o crime exatamente como aconteceu, vai revelar que foi ela e só essa pessoa viu. Numa situação dessas tem que ter o trabalho de reconstruir aquela determinada cena por outras fontes. Afinal, você sabendo que ela existiu daquela forma, você busca outras fontes reconstruindo tudo aquilo para que na hora que publicar aquela fonte esteja protegida", explica Eduardo Militão.
“A pessoa presenciou uma tentativa de crime, aí ela conta para jornalista com base na confiança. Só que se o profissional noticiar o crime exatamente como aconteceu, vai revelar que foi ela ”
Mesmo com toda a bagagem profissional, Militão atualmente trabalha com jornalismo de denúncia, de forma independente. A cada semana é contratado por veículos diferentes para cobrir ou produzir reportagens do gênero.
"Como trabalho com vários veículos, eu monto as pautas e por não ter chefe, tenho que deixar um pouco mais amarradas. É um duplo trabalho de convencimento, porque se o contratante não aceitar minha pauta não tenho salário", finaliza o jornalista.
Por Afonso Ferreira, Guilherme Melo e Rayla Alves
Mesmo estando entre os nomes mais importantes do mercado, nos últimos anos o profissional trabalha de forma independente