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A luta pela liberdade de expressão no caso Tim Lopes 

O caso do assassinato de Antonino Lopes do Nascimento, o Tim Lopes, Foi um dos episódios mais marcantes, na história recente do Brasil, dos riscos que um jornalista investigativo corre, tendo sua vida interrompida durante o exercício da profissão. Trabalhou na TV Globo como produtor de reportagens do Fantástico, em 1996, e cursou Jornalismo na Faculdade Hélio Alonso, Rio de Janeiro (RJ).

Tudo aconteceu na madrugada do dia 2 de junho de 2002. Tim Lopes foi assassinado enquanto realizava uma reportagem sobre abuso sexual de menores e tráfico de drogas em um baile funk na favela da Vila Cruzeiro, no bairro da Penha, na capital Rio de Janeiro. O repórter foi sequestrado, torturado e executado por traficantes liderados por Elias Pereira da Silva, o “Elias Maluco”. O crime chocou a população e foi encarado como um cerceamento à liberdade de imprensa.

 

 

Tim Lopes foi morto enquanto realizava uma reportagem sobre abuso sexual de menores e tráfico de drogas”

O jornalista decidiu fazer a reportagem depois de receber denúncias de moradores da região.  Os pais diziam que as filhas eram obrigadas por traficantes a participar de bailes funks.  No ano anterior, o jornalista havia feito uma reportagem em favelas cariocas para denunciar a ação do tráfico de drogas nas comunidades.

Tim produziu três matérias especiais durante a investigação em que perdeu a vida. A reportagem contou com a colaboração de Cristina Guimarães, Flávio Fachel, Tyndaro Menezes e Renata Lyra. Com o nome de Feira das Drogas, os vídeos mostravam a venda de maconha e cocaína, a céu aberto, na favela da Grota, nos morros da Mangueira e da Rocinha e nas ruas da Zona Sul do Rio. A série foi exibida pelo Jornal Nacional em agosto de 2001 e recebeu o Prêmio Esso de Telejornalismo e o Prêmio Líbero Badaró.

O jornalista, nascido em Pelotas, no Rio Grande do Sul, se considerava carioca.  Ganhou muitos prêmios durante a carreira, inclusive o Prêmio Esso, já mencionado. Em 1985, ganhou o 11º Prêmio Abril de Jornalismo na categoria Atualidades, pela matéria Tricolor de Coração, publicada na revista Placar. No ano seguinte, foi novamente agraciado com o Prêmio Abril, desta vez pela matéria Amizade sem Limite.

Para vários jornalistas, Tim Lopes era um apaixonado pelo jornalismo investigativo e se orgulhava dos resultados positivos de cada denúncia que fazia. Sua última série de reportagens para a Globo revelou os maus-tratos em clínicas para recuperação de dependentes químicos. Para apurar a matéria, internou-se e viveu como um ex-viciado. Willian Bonner em depoimento ao Memória Globo, conta que Lopes trazia grandes histórias, além de ter autonomia total para investigar.  “Ele mesmo as prospectava, era um cara muito experiente”, recorda-se o apresentador e editor-chefe do Jornal Nacional.

 

Sua última série de reportagens para a Globo revelou os maus-tratos em clínicas para recuperação de dependentes químicos.”

Premio Tim Lopes

 

Em 2002 foi criado o Prêmio Tim Lopes de Jornalismo Investigativo pela ANDI- Comunicações e direitos, com o objetivo de estimular a imprensa a seguir cobrindo casos de abuso e exploração sexual infantil, cuja temática era a qual o repórter se dedicava quando perdeu a vida. No carnaval de 2003, a escola de samba Acadêmicos do Tucuruvi desfilou ao som de “Não Calem Minha Voz”, um samba enredo em homenagem a Lopes, cujo refrão clamava pela verdade, “tim-tim por tim-tim”. Em 2012, seu filho, o jornalista Bruno Quintella, da TV Globo, dedicou-se à produção de um documentário sobre o pai: História de Arcanjo — um Documentário sobre Tim Lopes.

Repórter investigativo brasileiro, Lopes começou a trabalhar na TV Globo como produtor de reportagens do Fantástico, em 1996

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