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Marcado pelo sequestro

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Ele é um rosto bastante conhecido pelos brasilienses. O jornalista e apresentador Guilherme Portanova deixou a carreira de jornalista investigativo depois de um sequestro que marcou sua vida profissional. Os detalhes dos momentos de terror que Guilherme sofreu você acompanha nesta entrevista.

Para entender como tudo aconteceu é preciso conhecer um pouco da vida profissional desse gaúcho, que há 10 anos trabalha no jornalismo do Distrito Federal. Portanova ficou conhecido no jornalismo pela sua agilidade em apurar matérias investigativas.

Contato com a investigação

Ainda na faculdade, o então estudante de jornalismo trabalhou na Rádio Gaúcha como produtor e repórter.

“Eu nunca fiquei fixo em um departamento de investigação. Eu estive em vários momentos nesse tipo de trabalho e depois sai por circunstâncias diversas. Trabalhei um pouco com investigação em Porto Alegre na Rádio Gaúcha. Depois fui para a TV e parei. Em Santa Catarina eu acabava fazendo investigação, e em São Paulo também peguei [investigações]”, conta o jornalista.

Em 2005, Portanova mudou para São Paulo para participar do curso de especialização em telejornalismo, promovido pela Rede Globo em parceria com a USP. No final daquele ano, o jornalista começou a trabalhar na Globo de São Paulo como repórter da madrugada.

Marcado pelo PCC

Portanova começou, em abril de 2006, a aparecer no telejornal local, o SPTV. Em maio do mesmo ano, várias rebeliões e ataques criminosos provocados pelo Primeiro Comando da Capital (PCC), em presídios do estado de São Paulo, causaram pânico e caos na população.

Como repórter da madrugada, o jornalista participou de coberturas especiais sobre os ataques, como a explosão da sede do Ministério Público no centro da capital paulista.

“Fui o primeiro a chegar, passei a manhã inteira lá. Me lembro que naquele dia eu não conseguia escrever a matéria de tanto que eu tinha que entrar ao vivo. Eu fiquei muito marcado porque era um atentado do PCC”, afirma Portanova.

O Sequestro

Quatro meses depois, o momento que literalmente marcaria a carreira do jornalista estava vir. Guilherme Portanova e o auxiliar técnico Alexandre Calado foram sequestrados pelo PCC. Portanova passou exatamente 42 horas em 3 cativeiros diferentes na mira dos criminosos.

Foi um sequestro político, uma situação muito tensa, um horror. Desdobramentos emocionais que você vai se dar conta bem depois. Tem algumas coisas quem vem e surgem hoje na minha cabeça

O preço do resgate

A facção criminosa liberou o auxiliar técnico Alexandre Calado com uma cópia de um vídeo produzido pela facção, no qual um homem encapuzado falava do sistema penitenciário e pedia o fim do Regime Disciplinar Diferenciado (RDD). Guilherme Portanova ficou no cativeiro com os criminosos até que a Rede Globo divulgasse uma nota explicando que cumpriria a exigência dos sequestradores. Toda a ação foi orientada pelo International News Safety Institute (INSI), com sede em Bruxelas, e à The AKE Group, uma empresa especializada em gestão de riscos. Então, o vídeo foi divulgado em horário nobre da televisão brasileira durante a transmissão da revista eletrônica “Fantástico”. E o sequestro do jornalista Guilherme Portanova chegava ao fim.

“Depois de o Fantástico ter dado a matéria que eles se convenceram de que poderia me soltar”, ressaltou o jornalista.

Assista abaixo o trecho da entrevista que Portanova fala sobre o sequestro.

 

Importância da investigação

Portanova guarda na memória os momentos de terror que viveu na mira dos membros do PCC. Questionado se tem o desejo de voltar a fazer jornalismo investigativo, o profissional desabafou que cansou de trabalhar com o gênero. “Depois que temos filho, fica mais difícil você colocar a cara em investigações”, afirmou.

Mesmo com todo a situação que viveu, Guilherme Portanova sabe o valor do jornalismo investigativo. “O jornalismo investigativo é aquele onde a gente consegue acessar informações e conteúdos que as pessoas em geral não têm acesso. Então, a gente vira um instrumento público de acesso a esses dados”, finalizou.

 

Por Afonso Ferreira, Guilherme Melo e Rayla Alves

Conhecido no jornalismo pela sua agilidade em matérias investigativas, Guilherme Portanova abandonou as investigações após sofrer um sequestro no exercício da profissão

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